Livro: Meu Torrão pag5

Livro Digital: Meu Torrão - Pág. 5


Mãe Luiza


Mãe


Os teus cabelos brancos
São uma coroa de prata
Que os anos de desvelo
Elegeram-te rainha.

As rugas do teu rosto
São os caminhos do teu reino
Que levam ao palácio doirado
Do bem, do amor e da sabedoria.

Quisera saber uma lira dedilhar
Para um canto entoar
Em teu louvor.

Estes meus versos
São teus também, Mãe
Teus netinhos são.
03.05.1989







Meu chão


Passagem do Gurinhém
Sobrado...........................

Terra do meu nascer
Marco da minha infância
Do meu amanhecer

Cafundó, Lagoa do Padre
Caruçu, Campo Grande
Bonito, Café do Vento,
Areia, Junco, Ribeiro

Velho chão de longas histórias
De casarões coloniais
De sacrifícios e vitórias

Areia Vermelha, Pedras Altas
Anta do Sono, Cordeiro, Barra
Riacho de Serra, Corredor
Sapucaia, Filgueira

Sobrado dos tempos idos
Palco de Peia Onça e
Outros troncos genealógicos

Dos Honório, Melo, Souza
Dos Braz Pereira, Costa, Félix
Dos Ferreira, Sales, Corrêa Lima
Dos Cunhas, Pessoa, Bernardo

Sobrado da capela de São João
Dos engenhos, do algodão
Dos nossos ancestrais

Dos Marques, Nunes, Carvalho
Dos Querino, Pequeno, Claudino
Dos Meireles, Guedes, Vasconcelos
09.12.1998 - Sobrado


Angélica


...................................... À minha irmã

Angélica é nome suave
Como cântico da Ave-Maria!
Tem a beleza do voo de uma ave
Sobre o mar quando em calmaria.

É nome também de flor perfumosa
Requinte que enfeita jardins belos;
No buquê, será a mais valiosa,
Da noiva que risonha aos sonhos

Sobe tranquila e feliz ao altar,
Angélica é harmonia, é cor,
É o encanto do orvalho na flor,

Das ondas com a areia do mar,
Do cantar dos pássaros na aurora.
É uma prece pascal de outrora.
10.09.1990



A bagaceira do Engenho Cafundó




Só no Cafundó


Estou só no meu Cafundó!
Em uma rede no alpendre da
Casa Grande no final do dia.

O silêncio reina no rubro
Crepúsculo só quebrado pelas
Cigarras nos arvoredos,

O vento bole agora nas árvores...
As cigarras vão aos pouco silenciando
Só a natureza emite sons!

Os últimos raios solares
Se despedem no horizonte
Cai a noite!...

Faço uma prece nesta harmonia
da Natureza.
Estou só no meu Cafundó!...
23.02.2001.












Cândido Filho, montado a cavalo.


Retorno


Revejo-te hoje, meu Torrão,
Nublado por mentes mesquinhas
e mãos daninhas que te açoitaram
Teu desgaste eu presentia
e ressoava em meu ser
corroendo-me a existência.

Não te via, mas o balouçar
de tuas árvores trazia-me uma brisa
de saudade a acalentar minha angústia.

E tu! oh casa grande, como
um filho pródigo retorno ao
teu aconchego. Venho dissipar
a poeira do tempo e da maldade
que se acumulou em teu telhado.

Oh! minha árvores, recebestes os
golpes que a mim seriam
destinados. Golpes que na alma
senti porque sou um pedaço de ti.

Retorno a ti, meu Cafundó,
depois de dois anos, para
novamente te florir e reorganizar,
porque foste e és meu berço.

Retorno para expulsar as sombras
dos dias tristes que a ti e a mim
pertubaram. As quedas magoaram
mas a esperança não feneceu.

Esqueçamos, meu Cafundó, as procelas
que se nos abalaram, recomecemos
na paz que o Ressuscitado nos deixou.
Uma sinfonia harmoniosa encherá
de vibrações benéficas o novo amanhecer.
Ouvidemos as maldades que nos feriram,
elas acompanharam seus autores.

Voltemo-nos para a nova aurora
que está surgindo, trazendo os
cantos dos pássaros e a paz divina
para nossos corações.
Passagem do Gurinhém - Cafundó 30.01.2001


Dois anos


Dois anos sem ti ver
Sem sertir teu solo
Nem o aroma de teu ar.

Dois anos amargurados...
No vazio reconstituindo
Tua paisagem amada

Dois anos de coração reprimido,
De pesadelos constantes
À atordoarem meu sono...

Dois anos que tornaram
Meus cabelos mais brancos
Pela falta de teu sol!
10.11.2000


Os pássaros estão voltando!


O vento sopra sobre as árvores,
O farfalhar quebra o silêncio
E os passarinhos trilam.
O bem-te-vi denuncia! Bem-ti-vi
Nas flores o beija-flor baila
despreocupado e borboletas amareladas
Voam acasalando-se.

A paz voltou ao Cafundó!

O passaredo não teme mais o
gatilho assassino, devastador,
No juazeiro a rolinha cobre
os filhotes com suas asas...

Entardece, as cigarras entoam
cantos qual sinfonia

É noite! agora o canto do sapo
se entrelaça com o da rã e dos
grilos. E na escuridão pontos
luminosos indicam a presença dos vagalumes
O céu do Cafundó tem mais estrelas.
10.05.2001


Carta à minha mãe


Mamãe..........................................

Tudo mudou com sua partida,
Uma infinita saudade fez
Morada no meu peito oprimido,
Expulsando do viver a alegria.

Meus olhos hoje só brilham
Quando as lágrimas surgem,
Trazidas pelas lembranças
Da sua imagem querida.

Ah, Mamãe, quanta angústia martiriza
Minha mente e esmaga
Meu coração já lacerado
Pela lacuna de sua ausência.

Sua cadeira hoje solitária,
A máquina de costurar parada,
As roseiras sempre floridas...
Tudo são lembranças. Tudo é tristeza.

Até o nosso Cafundó, minha Mãe,
Perdeu aquele seu antigo encanto...
Ali fico com o olhar inerte
A escutar o vento o seu nome chamar

E assim, minha Mãe querida,
Desvalido sigo até o dia
De nos encontrarmos na Luz,
Sem Clamor, sem aflição, nem dor.
Seu filho Adauto - 12.04.2008





ÍNDICE


Prefácio ......................................................01
Meu Torrão ...............................................02
Casa Grande .............................................03
No alpendre ..............................................03
No Engenho ..............................................03
Meu Rio ....................................................03
Ao Pai ........................................................03
Sobrado .....................................................03
Ímã .............................................................03
Meus caminhos ........................................04
O búzio ......................................................04
Minha Pitombeira ....................................04
Cafundó .....................................................04
Oh! Meu Deus ..........................................04
Um raio de sol ..........................................04
Oh! Cafundó .............................................04
Mãe ............................................................05
Meu chão ..................................................05
Angélica ....................................................05
Só no Cafundó .........................................05
Retorno .....................................................05
Dois anos ..................................................05
Os pássaros estão voltando! .................05
Carta à minha mãe ..................................05
Fotografias ...............................................06



Meu Torrão, Adauto Ramos, 2ª Edição, Sal da Terra, 2010.
Livro Digital: Francisco Diniz, 30.12.2022.


   

1     2     3     4     5    6




Rodapé

Instituto Histórico e Geográfico Paraibano - IHGP

© ihgp.net - Todos os Direitos Reservados. Fundado em 7 de setembro de 1905. Declarado de Utilidade Pública pela Lei nº 317, de 1909. CGC 09.249.830/0001-21 - Fone: 83 3222-0513 - Rua Barão do Abiaí, 64, João Pessoa-PB - CEP 58.013-080. Estamos na internet desde 04.09.2001-23:00h.

Feito com Mobirise .