Livro: Meu Torrão pag2

Livro Digital: Meu Torrão - Pág. 2


Capela São João Batista - Sobrado - Paraíba


Meu Torrão



Estava minha mãe às vésperas de dar à luz, esperava passar o carnaval para ir para a capital onde eu nasceria. Entretanto na noite da segunda feira de carnaval entrou em trabalho de parto. Foi um corre-corre. Não havia parteira na redondeza, a não ser uma velhinha, moradora do Engenho, que era “curiosa”. Era a única solução. Com a sua ajuda eu nasci. Meu pai estava muito nervoso; na hora de cortar-o-umbigo ele ficou apavorado. Dizia que estava muito curto o corte e que isto ia me prejudicar. D. Chiquinha tentava acalmá-lo: “Tenha paciência Seu Nozinho”. Mamãe naquela situação pede para o marido sair do quarto, pois complicava mais do que ajudava. Assim nasci às seis horas da manhã, do dia 21 de fevereiro de 1938, segunda-feira de carnaval, na primeira Casa Grande do Engenho Cafundó, situado na Passagem do Gurinhém do distrito de Sobrado, que na época pertencia ao Município de Sapé-PB.

O Engenho Cafundó foi construído por meu Pai, no ano de 1933, ficando concluído a 4 de abril daquele ano. O Engenho foi desativado no ano de 1964. A Casa Grande atual foi construída em 1939. Foi ali no Engenho que passei minha infância e hoje a mim pertence. Este é meu chão, meu Torrão.

Meus pais, Cândido de França Ramos e Luiza Guedes Ramos casaram-se no ano de 1932, em Santa Rita; no ano seguinte Foram morar no engenho Cafundó, recém construído. Constituíram Uma prole de onze filhos: Cândido, Eliezer, Antônio, Adauto, Angélica Maria, Cassiano, Angélica Luiza, Belmira, Maria do Socorro, Aluísio e Severino. Dois faleceram criança e seis nasceram no engenho.

Meu pai veio a falecer no ano de 1948, no engenho Cafundó, deixando o seu primogênito com 14 anos de idade, e o Caçula com 3 meses de nascido. Minha mãe assumiu a Administração do engenho e a educação dos filhos. Foi uma grande mulher. Veio a falecer no ano de 2007, com 101 anos de idade. Morou no engenho até o ano de 1965.

Atualmente a sede do engenho Cafundó continua preservado, as casas-grandes, o engenho e o depósito de guardar aguardente. Apenas o barracão tive de demolir, pois ameaçava ruir. Minha mãe quando se referia ao engenho perguntava-me por “Minha Casa”, na qual viveu por 30 anos. Apesar das dificuldades Procuro conservar e preservar este patrimônio que faz parte de mim.

Adauto Ramos



   

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