Pereira da Silva



Humberto Fonsêca de Lucena - Cadeira 33 do IHGP


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Dados Biográficos de A. J. Pereira da Silva


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Há desencontros de datas assinalando o nascimento do poeta Pereira da Silva. Segundo assentamentos feitos por ele mesmo ao ingressar na Academia Brasileira de Letras, a data é 12 de novembro de 1877, mas o próprio poeta festejava seu aniversário natalício no dia nove. Há em sua obra três sonetos intitulados Nove de Novembro, todos falando do mesmo tema: seu aniversário.

Para João Lyra Filho, que ocupou na Academia Paraibana de Letras a cadeira nº 34 de que é patrono Pereira da Silva, a data é 6 de novembro de 1876. E é a data correta.

Antônio Joaquim Pereira da Silva nasceu na vila de Araruna, Paraíba, no dia 6 de novembro de 1876. Foi batizado no dia 12 de março de 1877 com quatro meses e seis dia de idade pelo Vigário Francisco Xavier da Rocha. É o que consta do livro 04, fls. 114 de assentamentos da Paróquia de Araruna.

Filho de Manoel Joaquim da Silva e Maria Ercelina Pereira da Silva, seu pai era carpinteiro e fazia caixões funerários, mas preferia fabricar violas para vender, conforme depoimento do próprio Pereira da Silva:

"Meu pai era para as suas violas, por todo aquele mundo sertanejo, o que era Stradivarius para os seus violinos. Eu me ficava horas inteiras a olhar e admirar a sua paciência na manufatura daquelas longas e leves caixas que iriam guardar os suspiros e as tristezas de amor dos poetas do meu sertão! Quando meu pai morreu, recolhi como herança, e conservei por muito tempo, uma cruz de madeira na qual ele trabalhou até às vésperas. (Profecia talvez do meu destino). Eu deveria chamar-me Pereira da Cruz. Hesitei em assinar-me assim. Mas, por ele mesmo, fiquei Pereira da Silva." (1)

Órfão de pai muito cedo, foi morar com a mãe na casa dos avós, onde aprendeu a ler com o tio Synézio Pereira da Cruz. De origem humilde, enfrentou inúmeras dificuldades nos estudos primários; seus pendores inatos para as Letras, porém, o ajudaram a superar os obstáculos. Tinha por hábito, adquirir entre os poucos habitantes de Araruna tudo que lhe satisfizesse a ânsia de leitura - jornais velhos, livros de História, romances etc. Anos mais tarde falaria sobre estes tempos difíceis:

"Ao saber ler e escrever era a minha ocupação no casarão velho dos meus avós, órfão de pai, que era eu, ler entre laranjeiras floridas. E o fazia em voz alta, para maior deleite dos meus sentidos. Tudo o que me vinha as mãos era devorado com sofreguidão. Romances de capa e espada, livros econômicos, jornais velhos, história da Carochinha. A população era reduzida na cidade, mas quem tinha a sua biblioteca tinha que me emprestá-la. Descobri um dia, nem sei como, num baú, um livro de versos. Lá estava o volume das "Primaveras", de Casemiro, presente de meu pai à minha mãe."(2)

Aos oito anos era coroinha da Capela da Conceição, onde todo dia ajudava à missa.(3)

Em 1891, com 15 anos incompletos, forçado pela fome e pela seca, saiu de Araruna com a família, mudando-se para o Rio de Janeiro. No Rio, o dia era consumido em exaustivo trabalho numa oficina mecânica. À noite estudava no Liceu de Artes e Ofícios. Depois obteve um pequeno emprego na Estação da Estrada de Ferro Central e começou a se interessar pelos assuntos literários. É dele o depoimento sobre sua saída de Araruna para o Rio:

"A seca fez que minha família abandonasse a minha terra. Viemos para o Rio. Nem calculará você as apreensões, as decepções anônimas dos transplantados. A ilusão da cidade. A luta por uma adapatação e uma estabilidade é tremenda. A poesia, o romance, o drama, a comédia e a tagédia da aldeia nas ruas. Tinha, então, 14 anos e eles explorados miseravelmente num trabalho mecânico das seis horas da manhã às seis da tarde. Estudava à noite, no Liceu de Artes e Ofícios onde ia fazendo relações. Consegui depois um modesto emprego numa estação da Estrada de Ferro. Decorei então a Gramática Portuguesa, o "Francês sem mestre"e li e treli Castro Alves, Fagundes Varella, Gonçalves Dias."(4)

Em 1895, quatro anos depois de sua chegada ao Rio de Janeiro, ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha. É provável que nessa ocasião Pereira da Silva tenha reduzido sua idade de dezenove para dezoito anos - limite para ingresso na carreira militar - o que justificaria o desencontro das datas do seu nascimento.

Após dois anos exaustivos de estudos, dormindo poucas horas por noite, a fim de suprir sua carente instrução, conseguiu fazer o curso preparatório e faria o superior, se não fosse desligado devido a uma revolução. É que em 1897, por tomar parte de um movimento revolucionário entre os cadetes, foi preso e levado para 13º Batalhão de Cavalaria, em Curitiba.

"Crise de ideal, de vida, e desolação. Foi nessa fase da juventude tão ofendida e humilhada que me imiscuí na boêmia literária"(5), afirmaria mais tarde. No Paraná, graças ao convívio com os escritores e poetas, Pereira da Silva encontrou ambiente propício às suas aptidões poéticas e se iniciou nas atividades literárias. Tornou-se amigo do poeta Dario Veloso de quem recebeu grande influência. Foi lá que lançou em 1903, seu primeiro livro, "Vae soli!" Nesse mesmo ano, cumprido o seu dever com o Exército, voltou para o Rio de Janeiro e matriculou-se na Faculdade de Direito.

Segundo depoimento de Peregrino Júnior(6), foi logo após o retorno do Paraná que Pereira da Silva "conheceu no Rio seus dias mais ásperos de luta, suas horas mais amargas de solidão. Estudante paupérrimo, ele travou o corpo a corpo com a fome".

Ainda estudante, foi trabalhar para "Cidade do Rio", seu primeiro jornal, onde usava o peseudônimo J. d'Além. Certo dia, José do Patrocínio, diretor do jornal, o chamou, bem como a Pausílipo da Fonsêca e a Patrocínio Filho, e determinou que fizessem uma poesia sob o título "A Dor". Pela beleza da poesia Pereira da Silva ganhou como prêmio um beijo na testa dado pelo grande jornalista, em plena sala de redação.

Por esta época, o nosso conterrâneo estava entre os jovens da geração simbolista, e ao lado de Felix de Pacheco, seu amigo e companheiro da Escola Militar, Saturnino Meireles, Tiburcio de Freitas, Carlos Dias Fernandes, Castro Menezes, Maurício Jubim e Rocha Pombo, o mais velho deles, participou do movimento simbolista na famosa revista Rosa-Cruz, fundada para cultuar a memória de Cruz e Souza.

Foi da convivência com Rocha Pombo e das constantes visitas à sua casa que surgiu o namoro com Eulina(Lili), filha do historiador, com quem viria a casar-se. Este casamento seria mais tarde o infortúnio do poeta.

Formado em Direito, foi nomeado Promotor Público da Comarca de São José de Pinhais, Paraná, e depois transferido para a pequena cidade de Palmeira, no mesmo Estado. Isolado naquela cidade, teve tempo para aprender sozinho, o alemão, e nesta Língua chegou a publicar algumas notas no Jornal "Der Beobachter", editado em Curitiba.

Desiludido de sua vocação jurídica, não se adaptando à nova vida, exonerou-se da Promotoria e voltou para o Rio de Janeiro. Isso, por volta de 1911.

Desta vez entregou-se definitivamente ao jornalismo, indo trabalhar na "Gazeta de Notícias", no "Jornal do Comércio", do seu velho amigo Felix Pacheco, e posteriormente em "A Noite".

Em 1918, após um intervalo de quinze anos, publicou seu segundo livro, "Solitudes", recebido com aplausos pela crítica especializada. O grande hiato havido entre a publicação do "Vae soli!"(1903) e "Solitudes" (1918) tem uma explicação. Ao terminar o curso jurídico, Pereira da Silva já estava com seu novo livro concluído, faltava editá-lo. Foi quando chegou sua nomeação de promotor para São José dos Pinhais. Não querendo retardar a publicação e na esperança de encontrar com facilidade um editor, resolveu confiar os originais do trabalho ao celebrado escritor Euclides da Cunha, seu amigo, a fim de prefaciá-lo. Depois de longos meses de espera, em vez do prefácio, chega-lhe a notícia do assassinato do autor de "Os Sertões". À distância, preocupado com o destino do livro, do qual não possuia cópia, Pereira da Silva tentou, inutilmente, reaver os originais, extraviados na tragédia da Piedade.

Apesar do sucesso de "Solitudes", Pereira da Silva é um homem amargurado. Depois de uma infância sofrida e de uma juventude por ele mesmo descrita como ofendida e humilhada, não encontra correspondência no amor da esposa e vê seu lar envolto em sombras, saídas do comportamento infiel da companheira.

Humilde, de temperamento tímido e esquivo, não é de admirar que o nosso poeta tenha se tornado mais retraído ainda. A amargura e o sofrimento moral que atormentaram sua vida estão refletidos nos livros publicados mais tarde.

Em 1919 publicou"Beatitudes"e em 1921, o quarto livro, "Holocausto". Por esta época foi convidado pelo amigo Paulo Barreto, O João do Rio, para a chefia de redação de "A Pátria".

Pereira da Silva já era um nome nacional. Fazia nos jornais a crítica literária dos conteporâneos. Em 1922, A convite do Editor Leite Ribeiro, vai dirigir ao lado de Théo Filho e de Agrippino Griecco, a revista "O Mundo Literário" que alcançou prestígio nos meios culturais do Rio de Janeiro. Em 1923 publicou mais um livro, "O Pó das Sandálias".

Em 1928, atravessando um período menos atormentado de sua existência, lançou mais uma coletânea de poesias, "Senhora da Melancolia". O poeta de Araruna parecia ter conhecido a felicidade, até então, uma ilustre desconhecida na sua vida. Já viúvo, conhecera pelas vizinhanças da rua Paulo Frontin, onde morava, aquela com quem viria a casar-se em segundas núpcias, em 1930. Com o carinho da esposa e na companhia do único filho, Hélio, - do primeiro casamento - pôde reconstruir seu novo lar.

PEREIRA DA SILVA NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS


Pereira da Silva já tinha tentado, sem êxito, ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1932, alguns acadêmicos como Gustavo Barroso, Medeiros e Albuquerque, Laudelino Freire, Olegário Mariano e Aldemar Tavares, levantaram-se num movimento para que Pereira da Silva ocupasse a Cadeira deixada vaga por Luis Carlos da Fonsêca. Os jornais do Rio de Janeiro - "A Nação", "O Globo", "Jornal do Brasil", "A Batalha", "A Noite" - receberam com simpatia a notícia e fizeram ecoar o movimento.

No dia 23 de novembro de 1933 a ABL elegeu o poeta Pereira da Silva para ocupar a cadeira nº 18 de que é patrono João Francisco Lisboa. Pereira da Silva alcançou sua eleição logo no 1º escrutínio, quando obteve 28 votos contra apenas 1 voto dado ao seu opositor Álvaro de Alencastro.

O "Jornal do Brasil" do dia seguinte assim se manifestou sobre a escolha: "Pode-se dizer, sem o menor favor, que a Academia Brasileira, indo buscar o Sr. Pereira da Silva, na sua modéstia, praticou um ato que a exalça aos olhos de todos os verdadeiros homens de letras do Brasil. Porque, escolhendo para a vaga de Luis Carlos o poeta de "Senhora da Melancolia" - poeta que não tem por si senão o seu talento e sua lira, que não frequenta os poderosos e nem conhece os salões sociais - a Academia manifesta que de fato sabe interessar-se pelas puras manifestações, puramente e autenticamente literárias".

A propósito da eleição, o Interventor Federal na Paraíba, Gratuliano de Brito, recebeu de Alcides Carneiro o seguinte telegrama: "Nosso conterrâneo, Pereira da Silva, eleito para a Academia, precisa de fardão e não tem tostão. Pedimos a ajuda da Paraíba, lembrando que ela ainda deve ao poeta o enxoval do batizado". E a Paraíba ofereceu o fardão do novo acadêmico. Para homenageá-lo a bancada do Estado na Assembléia Nacional Constituinte, juntamente com amigos e admiradores, promoveram uma grande festa na noite de 25 de junho de 1934 na Associação Brasileira de Imprensa, tendo na oportunidade falado em nome dos paraibanos o Dr. Castro Pinto. Sob viva emoção, Pereira da Silva fez o discurso de agradecimento, do qual transcrevemos o seguinte trecho:

"Compreendeis a minha emoção. Que palavras íntimas poderia eu invocar para exprimir, como desejaria, o meu reconhecimento ao Governo da Paraíba, na pessoa do interventor Gratuliano de Brito, e à sua bancada, por este ato de generosidade e de estímulo da minha terra e da minha gente?

É a primeira vez, na vida, que se me depara a alegria. É bela e radiosa demais para os meus olhos deslumbrados e para minha alma surpresa. Até hoje afigurava-se-me que a alegria era uma ilusão dos que se diziam felizes, ou para reconfortar os outros ou para simular uma fortitude que, cedo ou tarde, mal resistiria aos embates do Destino. Não tendo nunca encontrado essa Deusa desconhecida, através de todas as vicissitudes da existência, descri da sinceridade de seus adoradores, e hoje que ela vem ao meu encontro tão dadivosamente, é fácil avaliar o meu espanto e toda a perplexidade de minha voz. O júbilo com que recebo esta dádiva tão eloqüente, é daqueles para os quais não há uma forma verbal possível. Deus sabe o quanto vos sou grato pela oferta que acabais de me fazer. As coisas valem, principalmente, pelo que significam e este fardão simbólico é tão sagrado para mim como as vestes litúrgicas de que se paramenta o presbítero para a sua primeira oblação.

Não é apenas uma vestidura acadêmica, mas a presença virtual da minha terra e de minha gente ingressando comigo os pórticos da mais alta instituição literária da Pátria".

Pereira da Silva teve uma recepção gloriosa na Academia Brasileira. A sessão de posse deu-se na noite de 26 de junho de 1934, com a presença do ex-presidente da República, Epitácio Pessoa. A Solenidade foi presidida pelo Barão Ramiz Galvão tendo os acadêmicos Olegário Mariano, Alberto de Oliveira e Aloisio de Carvalho introduzido o novo imortal na Casa de Machado de Assis. Saudou-o na ocasião Adelmar Tavares, que no discurso relembrou a vida do poeta desde a sua infância em Araruna, como coroinha da Igrejinha da Conceição, até aquele instante festivo.

ÚLTIMOS ANOS


Na Academia Brasileira de Letras, Pereira da Silva fez estudos sobre Machado de Assis, Gonçalves Dias, Silva Alvarenga, Adelmar Tavares e outros.

Em 1940 publicou seu último livro, "Alta Noite".

Por esta época o poeta já se sentia doente; a tuberculose minava-lhe o peito. Tentando a cura para o mal, buscou refúgio em clima serranos do Rio de Janeiro, primeiro em Pati de Alferes, depois em Vassouras e por último em Rodeio.

Nos arredores da Vila de Rodeio, isolou-se num velho hotel quase em ruínas, onde permaneceu doente e sozinho, sem assistência.

Nesse isolamento era visitado pelo colega de Estação Ferroviária, morador da vila, jornalista Jorge Azevedo, que testemunhou o abandono em que viveu o poeta nos últimos dias.

O filho, Hélio, visitava-o aos sábados, trazendo-lhe o conforto de que tanto precisava.

Apesar de muito doente Pereira da Silva conseguiu produzir alguns livros: "Os Homens de Deus e Milagres de Cristo", "Intranqüilidade" e "Meus Irmãos, os poetas".

Hélio, que herdara do pai a pobreza e a timidez, morreu sem publicar aquelas obras, que permaneceram inéditas.

No dia 11 de janeiro de 1944, às 18 horas, morreu Pereira da Silva, aos 68 anos, na Clínica São Vicente, Gávea, Rio de Janeiro, onde estava internado. Seu corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e sepultado no Cemitério São João Batista.

Múcio Leão, que fez o discurso de despedida, assim se expressou:
"Pereira da Silva teve um destino, um único e maravilhoso destino - o da poesia. Nunca foi outra coisa, nunca ambicionou ser outra coisa, nunca pensou ser outra coisa, senão esta coisa simples, misteriosa e divina - Um Poeta"(7).



1 - TAVARES, Adelmar. Discurso de recepção de Pereira da Silva, pronunciado em 26.06.1934 na ABL. In discursos Acadêmicos (1933-1935), vol. VIII. Rio de Janeiro, Empresa Editora ABC Ltda. , 1937.

2 - GALVÃO, Francisco. A Academia de Letras na intimidade. Rio de Janeiro, A noite S/A Editora, 1937. Pág. 111.

3 - TAVARES, Adelmar. Discurso de recepção de Pereira da Silva, pronunciado em 26.06.1934 na ABL. In Discursos Acadêmicos (1933-1935), vol. VIII. Rio de Janeiro, Empresa Editora ABC Ltda. 1937.

4 - GALVÃO, Francisco. A Academia de Letras na intimidade. Rio de Janeiro. A Noite S/A Editora, 1937 / pág. 112.

5 - GALVÃO, Francisco. A Academia de Letras na intimidade. Rio de Janeiro, A Noite S/A Editora, 1937. pág. 113.

6 - PEREGRINO Júnior. Discurso de posse do Sr. Peregrino Júnior, pronunciado em 25.07.1946 na ABL. In Discursos Acadêmicos (1944-1946), vol. XII. Rio de Janeiro, Publicações da Academia Brasileira, 1948.

7. LEÃO, Mucio. O adeus da Academia Brasileira a Pereira da Silva. Suplemento literário de A MANHÃ, vol. VI, 16.01.1944. pág. 46.



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