Há precisamente um ano, nesta data, a convite
do General Godofredo Jesus Corrêa, proferi uma palestra sobre O Exército e a Sociedade. Hoje, com muita
honra, estou aqui novamente, desta vez a convite do General Vítor Carulla Filho, novo comandante do 1
Grupamento de Engenharia de Construção, para pronunciar uma nova palestra nesta
Semana do Exército.
Fui incumbido de
abordar o tema. O Exército e a Sociedade
Brasileira. O assunto nos dá a oportunidade de rever a participação
desta Força durante a formação da nossa nacionalidade.
Há dois anos tive
o ensejo de participar dum Simpósio promovido pelo Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, que reuniu no Rio de Janeiro os representantes dos
Institutos Históricos de todos os Estados para debater o tema Momentos Fundadores da Formação Nacional.
Na oportunidade, apresentei um trabalho sobre A Conquista da Paraíba, ciente de que a conquista da nossa
província, em 1585, assegurou a Portugal o avanço para o Norte do país,
desbaratando os franceses que, aliados aos índios potiguara,
pretendiam fundar uma França Antártica.
Nesta palestra
destaquei alguns dos mais importantes momentos da nacionalidade, nos quais o
Exército Brasileiro esteve presente, razão por que é de bom alvitre relembrar
essas passagens.
Temos que levar em
conta que o Brasil sempre foi um país diferente. O historiador João Camillo de Oliveira Torres opina que o Brasil se organizou
em Estado com a Constituição outorgada por D. Pedro 1,
em 1824, considerando que com ela é que foi fundada a nacionalidade, antes de
sermos um povo. E considera que a ordem jurídica e política
nela expressas nasceram da consciência nacional oriunda da Guerra do
Paraguai. Diz Oliveira Torres:
“[...] a consciência nacional brasileira tomou forma, de fato, na
guerra do Paraguai, o primeiro acontecimento de nossa história em que todos os
brasileiros reagiram unanimemente em face de um único fato:foi
a primeira situação global e nacional de nossa História.”
[1]
Em parte, o autor
tem suas razões porque examina em seu livro as crises
dos nossos regimes. Mas, não me acosto totalmente a esse pensamento, pois
entendo que a consciência nacional aflorou no combate aos holandeses no
Nordeste Brasileiro. Os historiadores sulistas nunca deram a
devida importância à participação do Nordeste na formação nacional.
E foi no Nordeste
que nasceu o Exército brasileiro. O invasor neerlandês nunca imaginou que o
nascente povo brasileiro fosse capaz de derrotar sua tão aguerrida força
combatente. Sem dúvida, menosprezava aquela gente inferior e despreparada para
os misteres da guerra. Nunca imaginaram os holandeses que a união daquelas raças
fosse capaz de vencê-los.
E foi o que
aconteceu na Batalha dos Guararapes: a união das três raças que fundamentaram a
nacionalidade brasileira.
O historiador e
acadêmico Joacil de Britto Pereira, ex-presidente do
Instituto Histórico e atual presidente da Academia Paraibana de Letras,
durante a Semana do Exército, em 1999, neste auditório pronunciou uma palestra
sob o título Vidal de Negreiros e o
Exército.
Reportou-se o
palestrante sobre o comandante da Primeira Batalha dos Guararapes, André Vidal
de Negreiros, que representava os brasileiros descendentes de portugueses, ao
lado de Henrique Dias, representando o negro, e Felipe Camarão, legítimo
representante dos índios.
Disse o confrade Joacil Pereira naquela palestra:
“A união
daqueles três guerreiros indômitos é um símbolo da mais leal, decidida e destemerosa confraternização, no campo da luta. O
sentimento de pátria nasceu ali, ao ruflar dos tambores, sob o fogo das armas
manejadas para defender a integridade do território sagrado do Brasil, que é
uma aspiração nacional permanente. Foi na guerra holandesa que se empregou,
pela primeira vez, a palavra Pátria.”
E continua o
ilustre conferencista:
“Guararapes
foi um feito militar extraordinário que mostrou a força e a coragem das três
raças amalgamadas na etnia brasileira. Dois mil homens sob o comando do Mestre-de-Campo Vidal de Negreiros, com a cooperação do Capitão-Mor
dos Índios, Felipe Camarão e do governador dos Negros, Henrique Dias, bateram,
nos outeiros dos Guararapes, uma força material e numérica-mente superior, de
mais de quatro mil holandeses. Essa Primeira Batalha dos Guararapes foi
decisiva. Nela se afirmaram os alicerces da nacionalidade. A
grande pátria que hoje somos nasceu naqueles montes. Tinham
aqueles heróis um ideal e por ele lutaram, sob a égide daquele nome criaram uma
máxima: Vencer ou Morrer. Todos lutaram, muitos morreram, mas venceram afinal.
Estava criado o Exército Brasileiro, há 351 anos, em 19 de abril de 1648.[2]
Foi a primeira participação do Exército num dos momentos
fundamentais da vida nacional, no momento em que ele surge na condição de força
terrestre, configurando-se, também, como formador da nossa nacionalidade.
Nas chamadas
Guerras da Independência o Exército brasileiro estava lá. A muitos parece que a
Independência do Brasil, em 1822, foi pacífica. Muitas províncias não aceitaram
de bom grado o rompante de D. Pedro
Nessa fase já despontava a liderança dos grandes comandantes do Exército: Caxias e
Osório. A constituição de 1824, que criou o Poder Moderador, para equilibrar os
Partidos Conservador e Liberal, contou com o apoio daquelas figuras exponenciais
do Exército.
O historiador José
Honório Rodrigues acentua a participação do Exército nessa fase do Império,
quando afirma: “A verdade é que o Poder Moderador repousou no equilíbrio das
forças militares, a conservadora representada por Caxias e a liberal
encarnada por Osório.”[3]
Apesar de
conservador, Caxias era um moderado. O próprio José Honório Rodrigues destaca:
‘Poucos sabem
que Caxias, que julgou
todas as revoluções no Brasil, recusou combater a revolução da Praia (1848/4 9,) porque as instruções que lhe ofereciam eram de
esmagamento total dos revolucionários, sem as medidas pacificadoras da anistia,
do perdão, da garantia de julgamento regular, que ele sempre ftz questão de utilizar.”[4]
Depois dessa fase
vem a participação na Guerra do Paraguai, outro
momento importante para nossa nacionalidade. Foi a grande epopéia do Brasil na
segunda metade do Século XIX. Uma epopéia sangrenta, é
verdade, mas um dos grandes feitos das refregas militares da América do Sul.
Curiosamente, o
Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência do Paraguai e prestado
apoio diplomático contra ambições argentinas prejudiciais ao novo Estado. A
ambição de Solano Lopez levou o Brasil a formar, em 1 O de maio de
O historiador Hernâni Donato nos informa sobre os efetivos militares da
campanha:
“A força
militar dos países integrantes somava 27 mil homens (18.000 brasileiros, 8.000
argentinos, 1.000 uruguaios) a serem opostos aos 64.000 paraguaioss
mobilizados, milhares dos quais territórios da Argentina e do Brasil (Mato
Grosso e Rio Grande do Sul). Em abril de 1866, perdido o ímpeto inicial e
reduzido a 45.000 combatentes, o exército paraguaio passou à defensiva,
recebendo a guerra em solo nacional. Já então os aliados contavam 66.000
soldados (38.000 brasileiros, 25.000 argentinos, 3.000 paraguaios,) .“[5]
Nessa guerra cruenta
despontam os grandes líderes do Exército Brasileiro: Luís Alves de Lima e Silva
e Manuel Luís Osório. O desempenho de suas missões está pleno de atos de
bravura, comandando os valorosos soldados, muitos deles voluntários. Dos
144.000 brasileiros que participaram do conflito contra o Paraguai não regressaram
33.000.
É justo ressaltar aqui a participação da
Paraíba no conflito, participação esta que foi mencionada no livro editado pelo
sócio do Instituto Histórico José Fernandes de Lima ao publicar o Diário da Guerra do Paraguai, do Dr.
José Campello d’Albuquerque
Galvão, brilhante advogado e político pernambucano que viveu na cidade de Mamanguape. Também o confrade José Pedro Nicodemos, em seu trabalho ASPECTOS DA PARTICIPAÇÃO DA
PARAÍBA NA GUERRA DO PARAGUAI, publicado na Revista n° 18 do
Instituto Histórico; o escritor paraibano Tenente Francisco Antônio Carneiro da
Cunha, in OS HERÓIS PARAIBANOS; e o confrade Monsenhor Eurivaldo
Caldas Tavares, no seu livro SÉCULO E MEIO DE BRAVURA E HEROÍSMO, relevam
vários nomes dos paraibanos que, voluntariamente, estiveram nos campos de
batalha.
Presume-se que
3.219 combatentes paraibanos participaram da guerra, dos quais voltou apenas
uma centena. Esses combatentes não foram apenas índios e escravos alforriados, mas
igualmente “donos de terras, profissionais liberais e outros representantes
da sociedade feudal.“
Dr. Luiz Inácio
Leopoldo d’Albuquerque,
advogado, Tenente-coronel da Guarda Nacional, nascido no Engenho “Espírito
Santo”, em Mamanguape, comandou o 47° Batalhão de Voluntários e depois a 10ª Brigada de Infantaria. Faleceu
na Batalha de Lomas Valentino.
José de Almeida Barreto, nascido na cidade de Sousa, paraibano ilustre, foi
gravemente ferido também naquela batalha e seu nome figurou ao lado do comandante
Caxias numa lista de homenageados pelo Imperador. No episódio da Proclamação da
República, o General Almeida teve participação saliente quando, com sua tropa,
aderiu ao movimento republicano em 15 de novembro de 1.889, colocando-se ao
lado de Deodoro da Fonseca; Major José Vicente Monteiro da Franca; Capitão
Frederico da Gama Cabral, que recebeu a Medalha Geral da Campanha: Tenente
Francisco Gomes Monteiro de Mello: Alferes Pedro César Paes Barreto e Joaquim
Ferreira Soares.
A lista de
combatentes é numerosa, onde ainda podemos destacar o capitão José Campello d’Albuquerque Galvão, autor do
citado DIÁRIO DA GUERRA DO PARAGUAI; Bento da Gama, que chegou ao posto de
General; os irmãos Francisco, João e Tude Neiva, os
dois últimos também chegaram a generais, com participação direta na campanha
republicana e que influenciaram a designação do Dr. Venâncio Neiva, seu irmão,
como o primeiro presidente republicano da Paraíba: Maciel Pinheiro, líder civil
republicano, em Pernambuco: Rufino Camacho, morto em combate; José Tomais
Carneiro da Cunha: João de Meio Azedo, de Ingá; o Capitão Porfírio Higino da
Costa, de Queimadas, participou de 52 batalhas. E muitos outros. Como disse,
foram mais de três mil combatentes paraibanos.
Esse Exército
Brasileiro era o povo repudiando a ofensa ambiciosa do ditador Solano Lopez.
Entre as
conseqüências dessa guerra estão a exaustão do erário
nacional (fizemos empréstimo de mais de 700 mil contos à Inglaterra) e o
aumento do sentimento republicano. Os países conflitantes eram republicanos,
apenas o Brasil era uma monarquia.
A Guerra do
Paraguai foi um momento, sem dúvida, de afirmação da nossa nacionalidade, da
qual o Exército foi o expoente máximo.
As principais
conseqüências da Guerra do Paraguai são a abolição da
escravatura e o nascimento da República. Na verdade, o contato do Exército
Brasileiro com os parceiros da Tríplice Aliança mostrou que eles não possuíam a
casta de escravos e todos eles eram republicanos, enquanto o Brasil era um dos
maiores países escravocratas e a única monarquia da América.
A liderança
militar apreendeu essa lição e as circunstâncias internacionais aceleraram a
motivação para fazer cessar esses regimes, o da escravidão e o da monarquia. O
prestígio do colonizador foi diminuindo, nessa fase; o número de escravos era
tão grande que a minoria portuguesa perdeu sua hegemonia logo depois da
Independência. As estimativas referentes ao período de
Como em 1850
aumentou a imigração européia, que se concentrou nas regiões mais
desenvolvidas, surgiu na própria elite a crença de que a sociedade teria que
ser reformada. Essa postura encontrou no Exército seus mais ardorosos
defensores.
Não foi sem razão
que o Exército tivesse participado dessa fase da nossa nacionalidade. Em uma
palestra aqui proferida, eu já havia acentuado que durante “o movimento
pela libertação dos escravos muitos militares se engajaram na campanha abolicionista
e o Exército se solidarizou com o movimento civil, recusando-se os militares a
exercerem a função de “capitães-do-mato” na perseguição aos cativos fugidos.
Foi uma época em que os escravos iniciaram rebeliões e formavam seus quilombos,
fugindo das fazendas. Os militares deram um “não a esse papel subserviente.”[7]
Na mudança do
regime monárquico para o regime republicano a participação do Exército foi
fundamental. O ideólogo da República foi o Coronel Benjamin Constant, professor
da Escola Militar e líder do positivismo no Brasil. A reforma do país era uma
necessidade premente para que o Exército se tornasse mais autônomo e menos
enfraquecido. No Livro de Ouro História do Brasil, já citado, os autores esclarecem: “A
animosidade dos militares em relação à monarquia tinha raízes profundas. A
Guerra do Paraguai somente acirrou ainda mais os ânimos, contribuindo para
tomar pública a situação de abandono em que se encontrava o exército
brasileiro. O número de soldados alistados no ano do início do conflito é prova
disso. Enquanto o Brasil, mais rico e povoado participante da tríplice aliança,
contava com míseros 18 mil praças, o Paraguai possuía uma força armada de 80
mil homens.”
Os militares
estavam convencidos de que essa posição era planejada pelos dirigentes do
Império, pois eles cada vez mais reduziam os gastos do Ministério da Guerra,
restringiam os soldos e as promoções e adotavam a prática corrente de
transferir tropas da Corte ou das capitais provinciais para as zonas de fronteira,
que os oficiais consideravam uma forma de degredo.
Aos poucos o
Exército foi se fortalecendo, principalmente com a reforma de 1850, quando se
estabeleceram critérios de promoção por antiguidade e pelo desempenho de
combate. Foi o início da profissionalização do Exército brasileiro. No sistema
colonial os oriundos de classes elevadas eram guindados a postos elevados sem
prévia preparação ou tempo de serviço. Acentuam aqueles autores citados: “Os pobres, ao contrario, permaneciam na condição de praças até
darem baixa ou morrerem.
Exemplos dessa
nova postura são o Marechal Rondon e o Marechal Dutra, entre outros. Eles
ingressaram no Exército como simples praças e galgaram os maiores postos da
hierarquia militar.
A formação dos
Clubes Militares, a partir de 1887, fomentou um poderoso movimento de oposição
à monarquia. A monarquia caiu quando Deodoro decretou a prisão do visconde de
Ouro Preto, chefe do Gabinete e presidente do Conselho de Estado. Dois dias
depois, a 15 de novembro de 1889, foi proclamada a República. Não teve a
auréola de uma epopéia. Foi uma simples quartelada, na visão unânime dos historiadores.
Nesse episódio
importante como um dos momentos fundadores da nacionalidade o Exército esteve
presente com destacadas lideranças: o próprio Benjamin Constant, Deodoro da
Fonseca, Floriano Peixoto, José Almeida Barreto (paraibano de Sousa), Capitão
Mena Barreto, Major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro, Coronel Silva Teles, entre
outros.
Após a proclamação
da República, outro momento importante para a nacionalidade foi a Revolução de
30, que veio substituir a chamada República Velha.
A participação do
Exército do nesse episódio foi sobejamente maior do que na proclamação da
República. Além da alta hierarquia militar, o movimento de 30 contou com o
grupo dos “tenentes”, lideranças que, a partir de 1922, se sobressaíram em
movimentos dirigidos contra a velha República. Os governos de Epitácio Pessoa e
Arthur Bernardes atiçaram esses movimentos. E aí surgiram os tenentes de 22 e
24, com destaque para Juracy Magalhães, Bizarria Mamede, Nelson de Mello,
Alcides Etchegoyen, Felinto
Muller, Agildo Barata, Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Juarez Távora, Newton
Estilac Leal, Siqueira Campos e João Alberto, estes
oriundos da Coluna Prestes. Eles não foram os chefes da Revolução nem tomaram
posições políticas importantes, mas ajudaram na articulação da sublevação no
momento de tomar os quartéis. Quase todos eles galgaram os últimos postos da
hierarquia militar e exerceram importantes cargos políticos.
O chefe militar do
movimento foi o Tenente-coronel Góis Monteiro, armando sua estratégia nos
rincões gaúchos. O movimento revolucionário começou a 3
de outubro de 1930 no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. Esse
movimento, que esteve a ponto de fracassar pela falta de unidade, tomou alento
quando João Pessoa, presidente da Paraíba, foi assinado na Confeitaria Glória,
no Recife. João Pessoa foi Vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas contra o
candidato do Palácio do Catete, que foi derrotada. O inconformismo dos vencidos
levou-os a uma conspiração, que se esvaiu logo depois. Com a morte de João
Pessoa os ânimos se levantaram e seu cadáver, levado ao Rio de Janeiro,
passando Estado por Estado, foi a mensagem de luta.
O historiador Edgar Carone
sentenciou com muita propriedade:
“O Rio Grande do Sul, ao transpor as suas fronteiras, rumo a Itararé, já trazia consigo mais da metade do nosso glorioso Exército. Por toda
parte. como, mais tarde, na Capital da República, a
alma popular confraternizava com os representantes das classes armadas, em admirável
unidade de sentimentos e aspirações”.[8]
A Revolução de 30
é, sem dúvida, um desses momentos considerados formadores da nossa
nacionalidade. E o Exército foi a instituição
garantidora do sucesso do movimento.
Muitos cargos
importantes foram ocupados pelos militares, com o aproveitamento total dos
tenentes, que tentaram, por algum tempo, influir nos destinos da Nação. Começou
a surgir uma oposição ao novo statuo quo. E vem a Frente Gaúcha e a Frente Paulista, a
chamada Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932. Eram as oligarquias
insatisfeitas. E surgiram os movimentos de 1935 (Intentona Comunista) e 1937 (putch integralista), transformando essa segunda
República no Estado Novo, um regime ditatorial com todas as suas mazelas. A
alta hierarquia do Exército tutelou essa situação até 1945, quando não era mais
possível suportar um regime que discrepava da internacionalidade do regime
democrático.
Nesse período,
apesar de tenebroso para a democracia brasileira, conta-se com grandes
melhorias na área econômica e social, com a legislação trabalhista e a
organização sindical.
A participação do
Exército Brasileiro na II Grande Guerra, contra o totalitarismo da Alemanha,
Itália e Japão, mudou a mentalidade militar. Getúlio foi destituído do poder e
se deu a redemocratização do país, com o apoio do Exército. São momentos
importantes da vida nacional que contaram com a presença do Exército.
Outros momentos
menos importantes, mas significativos para a nacionalidade, contaram com o
apoio da Força. A Campanha Nacional do Petróleo, foi
um deles, quando o General Horta Barbosa tomou a frente e teve o apoio de
outros líderes militares como os generais Zenóbio da
Costa, Vicente de Paula Vasconcelos, Hermilo Gomes
Ferreira, Pery Constant Bevilaqua,
entre outros.
Por último, vem o
movimento de 1964, tutelado pelo Exército e demais Forças Armadas. Era
realmente um momento difícil vivido pela Nação, quando o princípio de
autoridade se esvaía. Entramos novamente num regime ditatorial, onde houve os
excessos naturais decorrentes das circunstâncias.
Não obstante o
regime ditatorial, o País cresceu, desenvolveu-se, passou-se uma fase de
euforia econômica. Empanou o regime a falta de liberdade. Felizmente os
próprios líderes militares do movimento de
Como se vê, nas mais diversas fases fundamentais para a vida nacional,
o Exército cumpriu sua missão de guardião das instituições, ora tutelando o
poder civil, ora dirigindo o País, sempre ao lado do povo nas suas aspirações.
Dedicados aos seus
afazeres profissionais, os líderes do Exército Brasileiro a cada dia se
capacitam para colocar a Força numa posição de destaque, seguindo o exemplo dos
seus heróis e comandantes, que foram tantos e tantos, que se torna difícil
escolher um deles para, nesta data, prestar uma homenagem especial.
Com meu espírito
de paraibanidade, volto-me para figura inesquecível
do Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Escritor e historiador com
vários livros publicados, foi ele o idealizador e concretizador
da Academia Militar de Agulhas Negras, que substituiu a velha Escola Militar do
Realengo. Essa exemplar Escola Militar é o celeiro dos grandes vultos que hoje
comandam o nosso Exército. Fazendo este destaque especial ao ilustre paraibano
Marechal José Pessoa, e a Escola que criou, saúdo os
camaradas de armas aqui presentes, cuja competência e cultura se aprimoram para
servir a Nação.
*
Palestra proferida no
auditório do I Grupamento de Engenharia e Construção em 17.04.2002, durante a
Semana do Exército.
**
Era Sócio Efetivo do IHGP, sendo presidente de 1995 a 2009. Foi Vice-presidente do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica, Sócio da APL, membro da Associação Paraibana de Imprensa e membro do Conselho Estadual de Cultura. Faleceu em 10 de outubro de 2009.
[1] TORRES, João Camilo de Oliveira.A IDÉIA REVOLUCIONÁRIA NO BRASIL. São Paulo, Ibrasa, 1981. p. 13.
[2] PEREIRA, Joacil de Brito. VIDAL DE NEGREIROS E O EXÉRCITO. In Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, n° 32, João Pessoa, fevereiro-2000, p. 142.
[3] RODRIGUES, José Honório.
CONCILIAÇÃO E REFORMA NO BRASIL. Nova Fronteira, 2ª edição. Rio de Janeiro,
1982. p. 14.
[4] Idem. idern. Op. cit. p. II.
[5] DONATO, Hernâni.
DICIONÁRIO DAS BATALHAS BRASILEIRAS. Ibrasa, 2ª
edição. São Paulo, 1996. p. 129
[6]
PRIORE, Mary Dei, e VENANCIO, Renato Pinto. O LIVRO DE OURO DA HISTÓRIA DO BRASIL, Ediouro, Rio de Janeiro, 2001. p.
222.
[7]
GUIMARÂES, Luiz Hugo. O
EXÉRCITO E A SOCIEDADE. Palestra proferida no auditório do Grupamento de
Engenharia e Construção, em 17.04.2001.
[8] CARONE. Edgard. A SEGUNDA REPÚBLICA (1930-1937). DIFEL, Difusão Editorial S.A., 3ª edição. Rio de Janeiro, 1978