Fernando Melo


Fernando Melo do Nascimento nasceu em João Pessoa no dia 22 de outubro de 1918, filho de Manoel Roberto do Nascimento e de Dª Olga Melo do Nascimento. Faleceu nesta Capital a 03 de julho de 2002. Era casado com Dª Maria Dolores Melo do Nascimento, de cujo consórcio deixou os seguintes filhos: Maria de Fátima, Assistente Social; Ana Maria, Bioquímica; Maria Helena, Agrônoma; e Alberto Vinícius, Engenheiro.

Fez seus estudos primários e secundários nesta Capital e o curso superior em Areia, onde se formou como engenheiro-agrônomo pela Escola de Agronomia do Nordeste, em 30 de novembro de 1941.

A Escola de Agronomia do Nordeste, fundada em 15 de abril de 1936, no governo do interventor Gratuliano de Britto, iniciou sua atividade acadêmica no ano de 1937, quando realizou seu primeiro vestibular, no qual Fernando Melo foi aprovado. A EAN era subordinada ao Estado, sob a responsabilidade do Secretário da Agricultura, Dr. Lauro Montenegro, e contava com poucos recursos do Governo federal, passando inicialmente por grandes dificuldades para a sua consolidação.

Como estudante, Fernando Melo adquiriu projeção por sua presença marcante entre professores e alunos, principalmente após a fundação do Diretório Acadêmico, em 02 de maio de 1938. Logo na primeira sessão do Diretório, a 16 daquele mês, foi formada a comissão para elaborar os Estatutos. Fernando Melo fez parte dessa comissão, juntamente com os acadêmicos José Correia de Vasconcelos e Manuel Luiz Pinto.

A atuação do Diretório foi bastante intensa, sempre reivindicando melhorias para os alunos e a instituição. Sua preocupação maior era a equiparação da Escola de Agronomia do Nordeste à Escola de Agronomia Nacional e o reconhecimento oficial do Curso, conforme acentua o escritor e historiador areiense Francisco Tancredo Torres em seu trabalho Escola de Agronomia do Nordeste – Primeiro Diretório Acadêmico da Paraíba.1

Por conta de sua militância, Fernando Melo foi eleito presidente do Diretório em março de 1940, um ano antes de colar grau.

Na escola, como resultante de sua vivacidade e atuação, exerceu atividade burocrática. Era um gancho para ajudar nos estudos. Nessa atividade, porém, era exigente e impertinente, discordando muitas vezes dos superiores hierárquicos. Atuava como uma espécie de secretário do Diretor.

Apesar de sua fisionomia séria, Fernando Melo era chistoso; era uma forma de reagir às dificuldades da meninice e da juventude. Órfão de mãe aos nove anos de idade, não teve vida fácil, ingressando no Liceu Paraibano aos onze anos, seu primeiro grande sonho, como confessou certa vez.

O aprendizado no Liceu formou-lhe o caráter. Não obstante as gazetas para jogar futebol, tomar banho no Rio Sanhauá, jogar pedras nas mangueiras da Lagoa, não obstante isso, tinha uma fisionomia sisuda. E impressionava-me com sua fala arrastada e mansa.


Vida profissional


Logo após sua formatura, em 1941, iniciou o exercício da atividade agronômica na Usina Gravatá, em Canhotinho (PE) e, no ano seguinte, na Usina Santo Inácio, no Cabo, também em Pernambuco. Deixando aquelas usinas, retornou a Areia, onde a Escola de Agronomia o contratou como professor de Silvicultura e de Jardinocultura, matérias que ele considerava secundárias ao Curso.

Em seu discurso de agradecimento pela homenagem prestada pela Universidade Federal da Paraíba, concedendo-lhe o título de Professor Emérito, ele recorda essa fase:


Imaginem aula prática no mato com susto de cobra. Certa vez, numa aula de derrubada, a turma estava reunida em torno da árvore, e quando menos se esperava, surgiu um ataque de abelhas, cujo enxame habitava o oco da árvore. Houve uma debandada dentro da vegetação...

Em aula de plantio de cedro, lembro bem, um estudante, meio cansado. Sentou-se, então, de chofre, levantou-se, saiu em correria, retirando as botas, ficando nu, sua cadeira era um autêntico formigueiro.”


Em 1945, o Ministério da Agricultura abriu um concurso nacional para a carreira inicial do quadro permanente de Engenheiro Agrônomo. Vencimentos iniciais de CR$ 900,00. 14 professores da EAN se inscreveram. Mas, fizeram a comparação dos vencimentos. A Escola pagava CR$ 2.200,00. Somente ele compareceu para prestar os exames. Aprovado, ficou em dúvida para assumir o cargo. Tendo se atritado com o Diretor, rescindiu o seu contrato.

Em 1956 foi nomeado para o Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, enfrentando o prejuízo financeiro. Alguns meses depois foi designado para servir na Estação Experimental do Seridó, em Cruzeta, no Rio Grande do Norte, como chefe e responsável pelo melhoramento do algodoeiro Mocó, a variedade Maria Galante. Tornou-se expert em matéria de algodão, principalmente do algodão Mocó.

Foi criando nome, tornando-se conhecido em sua área profissional, chegando a participar da elaboração do I Plano Diretor da sudene. Naquele órgão, em 1967, ocupou o importante cargo de Diretor do Departamento de Agricultura e Abastecimento. Em 1960, esteve presente aos debates relacionados com o desenvolvimento da cotonificultura, sob o patrocínio da Federação das Indústrias de Pernambuco; no mesmo ano, foi designado pelo Banco do Nordeste do Brasil como participante da Comissão de Semente Selecionada, na II Reunião de Técnicos em Algodão Mocó. Por sua atuação e prestígio, seus colegas elegeram-no presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Paraíba.

Em 1962, recebeu uma Portaria designando-o Chefe do Serviço de Economia Rural, órgão do Ministério da Agricultura em João Pessoa. No ano seguinte, foi designado para Recife como Chefe do Serviço de Pesquisas Biológicas do Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Nordeste, do Ministério da Agricultura.


No magistério


Por onde andava, Fernando Melo queria acabar com o analfabetismo. Em seu discurso de agradecimento proferido por ocasião do recebimento do título honorífico de Professor Emérito da Universidade Federal da Paraíba, Fernando Melo registra:


Busquei alfabetizar o trabalhador rural, por três vezes. Em Areia, em Alagoinha e em Cruzeta-RN, orientado pela máxima de abrir escola é fechar cadeia. A praga do analfabetismo precisa ser erradicada. Pouco consegui.”


Era natural, portanto, sua vocação para o ensino, que se iniciou quando foi contratado, pela primeira vez para a Escola de Agronomia do Nordeste, da qual se desvencilhou para ingressar no Ministério da Agricultura.

Mas, não perdeu de vista seu retorno à Universidade. Partiu para um concurso na Universidade Rural do Rio de Janeiro. Passou dez anos remoendo uma tese, aguardando a abertura do edital do concurso. Como ele fala nas igrejinhas da Escola Nacional de Agricultura, vislumbrei que ele foi escanteado. Mas não desistiu.

Quando estava na Sudene, a Universidade Federal Rural de Pernambuco abriu um concurso para livre-docente de Agricultura Especial. A vaga surgiu com a aposentadoria do professor Apolônio Sales. Falou-se em dois candidatos além de Fernando. Este apresentou a tese Da Multiplicação Vegetativa no Melhoramento do Algodoeiro Mocó. Os dois possíveis candidatos não apareceram.

Fernando foi aprovado, era candidato único. Mas, a nomeação ficou engavetada por muitos anos, até que, um dia, recebeu a Portaria de nomeação.

Ao deixar a Sudene, aonde fora colocado à disposição pelo Ministério da Agricultura, deparou-se com a estruturação da Universidade Federal da Paraíba, que estava completando seu quadro docente. Ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas pelas mãos do seu então Diretor, professor Cláudio Santa Cruz Costa, e ficou responsável pela disciplina Estatística. Isso em 1964, ano em que o autor foi demitido da FACE por decreto do presidente Castelo Branco, no burburinho da “caça às bruxas” do movimento militar.

Daí em diante, Fernando foi galgando posições administrativas na UFPB: Chefe do Departamento de Estatística e Matemática na FACE, 1964; Diretor do Instituto Central de Matemática da UFPB, 1969; Membro do Conselho Universitário da UFPB, 1969 e 1981/82; Coordenador do I Ciclo de Estudos da área Tecnológica, 1970; Membro da Comissão de Redação Final do Regimento Geral da UFPB; Coordenador do curso de Mestrado em Administração da UFPB, 1979/81; Presidente do Conselho de Curadores da UFPB, 1985.

Fora da UFPB, onde era professor titular, era portador dos títulos de Docente Livre da 13ª Cadeira de Agricultura e Genética Especializadas pela Escola Nacional do Rio de Janeiro e da 13ª Cadeira de Agricultura Especial da Escola Superior de Agricultura de Pernambuco.

Deixou a Universidade Federal da Paraíba por ter atingido a compulsória, quando, carregado de saudade e nostalgia, dedicou-se a uma vida mansa.

Em outubro de 1994, o professor César Sampaio Borges, Chefe do Departamento de Estatística do CCEN, propôs que lhe fosse outorgado o título honorífico de Professor Emérito.

Na justificativa da proposta estão incluídas as atividades de Fernando Melo do Nascimento, acima mencionadas e mais as seguintes: Doutor em Agricultura e Genética, pela Escola Nacional de Agronomia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1956 e grau de Doutor em Agricultura pela Universidade Rural de Pernambuco, em 1960.

O parecer favorável do professor Humberto Fonsêca de Lucena foi aprovado, conforme Relatório do professor José Ivonildo de Vasconcelos, tendo o então Reitor Neroaldo Pontes de Azevedo baixado a Resolução n° 04/94, concedendo-lhe o Título Honorífico de Professor Emérito da UFPB, que lhe foi entregue em sessão solene no ano de 1995.

Mesmo afastado da Universidade, em 1991, Fernando Melo foi convidado para saudar o professor de Engenharia Hélio Ferreira da Silva Guimarães na ocasião em que o Centro de Ciências Exatas e da Natureza resolveu homenagear aquele ilustre mestre com o título de Professor Emérito.


No Instituto Histórico


A proposta para Fernando Melo do Nascimento ser admitido no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano é datada de 23 de agosto de 1983, foi encabeçada pelo historiador Deusdedit de Vasconcelos Leitão e obteve parecer favorável do consócio Altamir Cleto Milanez Pinto, membro da Comissão de Admissão de Sócios, o qual foi aprovado pela referida Comissão em 17 de fevereiro de 1984. Foi eleito em 24 de março daquele ano.

Somente dois anos depois, em 24 de maio de 1986, é que Fernando Melo ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, em sessão solene presidida pelo historiador Humberto Cavalcanti de Mello, na ausência da titular, historiadora Rosilda Cartaxo. Passou, nesse dia, a ocupar a Cadeira n° 05 e foi saudado pelo seu colega de profissão, o ilustre professor e ecologista Lauro Pires Xavier.

Fernando Melo passou a ocupar a Cadeira n° 05, vaga com o falecimento do seu titular, professor Antônio d’Avila Lins. Essa Cadeira tem como patrono o médico Elpídio Josué de Almeida.

No seu discurso de posse recorda seus tempos do Liceu Paraibano, revendo seus contemporâneos Hildebrando Torres Espínola, Lauro Queiroz, Francisco Xavier Sobrinho, Cleantho de Paiva Leite, Otacílio Nóbrega de Queiroz, Reinaldo de Oliveira Sobrinho (estes três últimos sócios do Instituto) e Pedro Velozo da Costa, este sócio correspondente, quando compareceram a uma conferência do professor Everaldo Bakeuser sobre Migração dos Continentes.

O discurso é cheio de citações. Ruy, Napoleão, José Lins, Coelho Neto, Roberto Magalhães, estão ali citados com uma propriedade inusitada, como que agradecendo ao empenho de Deusdedit Leitão e Lauro Xavier, que o confiscaram para o quadro de sócios efetivos do IHGP. Fez a apologia do patrono, Dr. Elpídio de Almeida, e do seu antecessor, Dr. Antônio d’Ávila Lins, ambos médicos conceituados e também nascidos na cidade de Areia, berço de figuras ilustres.

Na primeira eleição para a Diretoria, ainda em 1986, foi eleito membro da Comissão de Geografia e Ecologia, posição adequada à sua atividade como agrônomo. Seguidamente, foi reconduzido a essa função, a qual exerceu durante 15 anos ininterruptos, de 1986 a 2001. Na eleição para o mandato da Diretoria nos anos 2001/2004, alegando doença, pediu para não ser reconduzido àquela função.

Sua passagem pelo Instituto foi significativa, sempre atento a datas históricas e personagens de vulto da Paraíba, sobre os quais dissertava, principalmente sobre figuras com as quais tinha convivido.

Em 23 de maio de 1992, o Instituto realizou uma sessão especial em homenagem póstuma ao escritor Nilo Pereira de Oliveira, tendo como orador oficial o consócio Fernando Melo, falando quase uma hora sobre a personalidade e obra de Nilo Pereira.

Em 1993, na sessão do Instituto de 27 de agosto, Fernando proferiu brilhante oração em homenagem ao patrono de sua Cadeira – Elpídio Josué de Almeida –, ilustre historiador areiense, na passagem do centenário do seu nascimento, a transcorrer a 1° de setembro. Seu discurso serviu de base para, posteriormente, elaborar a plaqueta n° 05, da Coleção de Historiadores Paraibanos editada pelo IHGP.

Na sessão de 16 de dezembro de 1995, o Instituto promoveu uma Mesa Redonda para debater o seguinte tema: Laboratório Central de Fibras e Sementes do Ministério da Agricultura e a Renovação Agrícola na Paraíba. Na oportunidade, Fernando Melo, como orador oficial da sessão, prestou significativa homenagem ao seu Diretor e colega, o engenheiro agrônomo Arnaldo Vieira de Mello, genitor do confrade José Octávio de Arruda Mello, aproveitando a passagem do centenário do seu nascimento. Sua fala foi publicada na Revista n° 29 – Maio 1996, do Instituto Histórico.

Em sessão de 24.02.96, Fernando comentou a realização do I Seminário Internacional de Ecologia e Meio Ambiente, a se realizar em João Pessoa, em março, sob o patrocínio da Prefeitura Municipal; comunicou, também, a realização de uma conferência no Recife, promovida pela revista Exame sobre o tema Nordeste – Investimentos, Sim? O Instituto designou-o para representá-lo em ambos eventos.

Na sessão de 24 de agosto de 1996, propôs o nome do escritor Expedito Ramalho de Alencar, residente em Campinas (SP), para o quadro de Sócio Correspondente do Instituto e, em seguida, falou sobre a personalidade do notável engenheiro agrônomo José Augusto Trindade, motivado pela passagem do seu centenário de nascimento.

Como registrei anteriormente, Fernando Melo não deixava passar em branco as datas em que pudessem destacar as figuras importantes que participaram do progresso do nosso Estado.

Assim, na sessão de 28 de fevereiro de 1998, registrou a passagem do centenário do nascimento de Juarez do Nascimento Távora, ocorrido a 14.01.98. Em seu discurso, ressaltou sua atuação no Ministério da Agricultura e teceu comentários sobre sua valiosa participação na política nacional.

Em 24 de julho de 1999, registrou o falecimento do engenheiro agrônomo Antônio Espínola Navarro, pai da consócia Glauce Maria Navarro Burity; novamente Fernando Melo faz o elogio do seu colega de trabalho no Ministério da Agricultura. Na mesma sessão registrou o centenário do nascimento do ex-sócio Newton Lacerda, ocorrido a 02 de julho, proferindo um discurso a que deu o título de O Dr. Newton Nobre Lacerda que conheci.

A 08 de julho de 2000, foi a vez de registrar a passagem do centenário de nascimento do agrônomo Raymundo Pimentel Gomes, nascido em Sobral (CE) a 01 de julho de 1900. Pimentel Gomes fora diretor da Escola de Agronomia do Nordeste quando Fernando Melo cursava aquela escola, tornando-se uma espécie de “secretario” de Pimentel, que também foi Secretário de Agricultura da Paraíba.

Seu discurso foi ampliado, a pedido do autor, para posteriormente o Instituto publicar uma plaqueta sob o título Pimentel Gomes – Um Mago da Agricultura.

Acometido de problemas vasculares, Fernando Melo amiudou sua presença às sessões do Instituto, mas nunca deixou de comparecer à sede do IHGP, onde mantinha uma agradável palestra com os companheiros que sempre estão presentes no gabinete da Presidência.


O jornalista


Muitos confrades e pessoas ligadas a Fernando Melo do Nascimento se surpreenderão com o informe de que ele, em certo tempo, tenha sido jornalista.


Ao completar 80 anos, o jornal O Norte publicou uma edição histórica, onde, na edição de 07 de maio de 1988, os repórteres Barroso Filho e Wellington Sabino publicaram um trabalho intitulado Os que fizeram o Jornal “O NORTE”.

A matéria é encabeçada por uma foto histórica onde aparecem, na frente, sentados, Augusto Belmont, Rocha Barreto, Adalberto Ribeiro, Matheus de Oliveira e Hortênsio Ribeiro. Por trás da foto aparece o jovem Fernando Melo do Nascimento, ladeado por Normando Filgueiras, Humberto Marques, um não identificado, Luiz Batista e Mário Gomes.

Esse retrato foi a motivação que levou os repórteres a entrevistarem o setentão Fernando Melo.

E aí Fernando Melo desfia como ingressou como revisor de O Norte, rememora aspectos dos personagens da foto publicada, a rotina do jornal, que era localizado na Av. Cardoso Vieira, antiga Rua do Mata Negro, as dificuldades financeiras (normal nos nossos jornais). Como as dificuldades em manter o jornal se agravassem, Virgínio Veloso (que financiava o jornal através de sua companhia de tecidos) autorizou uma dispensa geral. Fernando Melo entrou nesse corte. Mas, já experiente, bandeou-se para o jornal A Imprensa, que era dirigida pelo padre Carlos Coelho, onde continuou na rotina jornalística.

Revisor de jornal, naquela época, era a salvação da estudantada do Liceu Paraibano. Todos se empenhavam em conseguir um pistolão para ingressar em A União ou na A Imprensa. Para ser revisor de A Imprensa havia até um concurso de seleção. Por esse processo passaram figuras que depois se tornaram destacadas nas letras como José Gláucio Veiga, Carlos Romero, Baldomiro Souto, João Neves e outros. Eram os novatos ainda sem experiência do batente. Fernando não precisou se submeter aos testes programados.


Trabalhos técnico-científicos


Durante a atividade na área da Agronomia, Fernando Melo era um pesquisador permanente, produzindo vários trabalhos que obtiveram boa repercussão aqui e alhures.


Vejamos a listagem de alguns trabalhos de sua autoria:


  1. Aspectos do Problema Florestal no Nordeste Brasileiro – 1944.

  2. Nota Preliminar sobre a Multiplicação, por Estaquia, do Algodoeiro Mocó – Cruzeta (RN), 1947.

  3. Sugestões sobre o Melhoramento do Algodoeiro Mocó (Tese) – Recife (PE), 1951.

  4. Cultura do Algodoeiro Mocó – Ministério da Agricultura, 1952.

  5. Problemas do Algodoeiro e do Algodão no Nordeste Brasileiro – cepal – Recife, 1959.

  6. Da Multiplicação Vegetativa no Melhoramento do Algodoeiro Mocó (Tese) – Recife (PE), 1960.

  7. Algodão – Produto Básico da Economia Nordestina (Conferência), 1961.

  8. Da Aplicação do Teste “T” na determinação da Produtividade Econômica na Agricultura e na Indústria – 1962.

  9. O Polinômio Agrário do Nordeste Seco, em co-autoria com o agrônomo Carlos V. Faria, 1965.

  10. Cultura do Algodoeiro (Premiado no concurso cidade de Orós, promovido pela firma Eliseu Batista) – Ceará, 1966.

  11. Estudo Comparativo da Produção Média em Plantas Cultivadas, na Paraíba, no Decênio 1953-62 – ipesp – ufpb, João Pessoa (PB), 1966.

  12. Caderno Especial – Agricultura Nordestina, “Mundo Agrícola” – São Paulo, 1966.

  13. O Combate Racional às Secas do Nordeste, em parceria com o agrônomo Carlos V. Faria (Conferência promovida pelo IPESP/SUDENE/UFPB – 1967.

  14. Correlação entre Pesos e Raízes do vetiver zizanioides, staf – 1976.

  15. Escola de Agronomia do Agreste (Conferência), publicada na Revista Horizonte, 1977.

  16. Administração Rural (Vazante, revência e Piscicultura), Gráfica Universitária/UFPB, 1984.


São trabalhos eminentemente técnicos, a maioria deles sobre o Algodão Mocó, assunto em que Fernando Melo se tornou conhecido como expert no País.

Muitos desses trabalhos não tiveram a divulgação merecida, mas o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano os tem devidamente arquivados em acervo documental à disposição dos seus usuários.

Os arquivos da Comissão de Geografia e Ecologia do Instituto guardam, também, um trabalho seu apresentado para debate naquela Comissão sobre o Rio Jaguaribe.


Outros trabalhos


Em sessão do Instituto, Fernando Melo fez duas conferências importantes: uma, sobre Elpídio de Almeida; a outra, sobre Nilo Pereira.


Sobre Elpídio Josué de Almeida, abordou a ilustre figura do seu patrono e juntou três importantes depoimentos sobre ele, da lavra dos historiadores Deusdedit de Vasconcelos Leitão e Tancredo Torres, e do acadêmico Carlos Augusto Romero.

A respeito de Nilo Pereira, além de historiar sua vida e comentar sua obra, juntou uma coleção de artigos seus, fazendo uma breve antologia dos seus trabalhos.

Em 1988, no Recife, lançou um livro intitulado Cupim de Aço, por iniciativa da Fundação Casa de José Américo. O lançamento do livro foi realizado no Recife porque a publicação contou também com o patrocínio da empresa Cabedelo Industrial S/A.

Quando o Instituto Histórico promoveu uma sessão especial para homenagear Fernando Melo ao completar 80 anos de vida, eis que ele lança a 2ª edição de Cupim de Aço, pela edições bagaço, Recife, 1998.

O prefaciador, Alberto Vinícius, seu filho, classifica o livro como um “Brado de crença e fé no homem e na terra semi-áridos, grande em sua mensagem, cresce ainda mais pela originalidade de Romance regionalista propositivo agropecuário.”

O livro é a representação da vida campesina no Nordeste brasileiro, com os problemas do agricultor e criador do semi-árido. Creio que os personagens são criação do autor, na boca de quem ele faz crítica à falta de apoio do Governo e aos modos de agricultar a gleba, mas manifesta, sempre, a esperança e a fé de dias melhores. E dissemina instruções sobre conservação do solo, uso de tratores, manejo inadequado do cultivador, criatório de cabras, etc.

José, que é apelidado de Cupim de Aço, e o doutor Lírio se confundem com o próprio autor, no meu entender. Em determinado trecho, numa conversa do autor com Cupim de Aço, ele sentencia: Agricultura é um trabalho com tendência escravocrata. Exige muito da pessoa. Presença permanente. Dedicação. Idéia fixa na execução. Fé. Um sacerdócio, vocacional. Há quem diga ser a “arte de empobrecer alegremente”.

No Instituto Histórico lançou uma plaqueta intitulada Elpídio Josué de Almeida – O Historiador, com base na palestra que havia feito sobre o patrono da cadeira que ocupava. A publicação foi impressa pela editora empório dos livros, e se constituiu no volume n° 5 da Coleção de Historiadores Paraibanos editada pelo Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.

Também lançou uma plaqueta sob o título Pimentel Gomes – Um Mago da Agricultura, destacando a importância de Pimentel Gomes no desenvolvimento da agricultura paraibana.


Prêmios e comendas


Em 1966, recebeu o prêmio Cidade de Orós, no Ceará, e em 1967 recebeu o prêmio Moinho Recife (Medalha de Ouro).


Entre as comendas com que foi condecorado, registramos:


  1. Medalha de Mérito – Estado de Pernambuco, 1967;

  2. Medalha “Marechal Rondon”, da Sociedade Brasileira de Geografia. São Paulo, 1967.

  3. Medalha de bronze comemorativa do Decênio da sudene;

  4. Medalha comemorativa pelos 40 anos de atividades profissionais, outorgada pela Sociedade dos Engenheiros do Brasil, 1982;

  5. Placa comemorativa entregue por ocasião do 5° aniversário da Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária, 1985;

  6. Placa de reconhecimento de Mérito, Meio Ambiente, concedida pelo Rotary International, 1991;

  7. Placa comemorativa dos 50 anos de formatura, outorgada pelo Rotary Clube João Pessoa-Norte, 1992.

  8. Comenda e Medalha do Mérito Cultural “José Maria dos Santos”, do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.


Fernando Melo do Nascimento, como Engenheiro Agrônomo, teve atividade intensa e produtiva; como cultor das letras, foi conferencista e autor de vários trabalhos. Seu perfil, para os associados do Instituto Histórico, continuará sempre lembrado com respeito e admiração, merecendo o destaque que agora se dá com a edição desta plaqueta.


1 Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano n° 34, J. Pessoa, maio/2001, p.14.